Tua est potentia, the second piece in the
Livro de varios motetes, features an unusual and rich six-voice texture, with doubled soprano and bass parts. Its text, not attached to a particular feast within the liturgical calendar, affirms the power of God; according to the then-universally acknowledged doctrine of the divine right of kings, it was by this power alone that the monarch received their authority. It thus seems likely that Cardoso chose to set this text as a celebration of Portugal’s newly reclaimed independence, and as a further paean to his ruler, friend and patron.
from notes by Luís Toscano © 2019
English: José Gabriel Flores
Tua est potentia, la deuxième pièce du
Livro de varios motetes, présente une texture à six voix inhabituelle et riche, avec des parties doublées de soprano et de basse. Son texte, qui n’est pas lié à une fête particulière du calendrier liturgique, affirme la puissance de Dieu; selon la doctrine du droit divin des rois universellement reconnue à l’époque, c’était de cette puissance seule que le monarque recevait son autorité. Il semble ainsi probable que Cardoso ait choisi de mettre en musique ce texte pour célébrer l’indépendance que venait de reconquérir le Portugal et comme hymne à son souverain, João IV.
extrait des notes rédigées par Luís Toscano © 2019
Français: Marie-Stella Pâris
Tua est potentia, das zweite Stück im Livro de varios motetes, weist einen ungewöhnlich reichhaltigen sechsstimmigen Satz mit zweifacher Sopran- und Bassstimme auf. Der Text, der sich auf kein bestimmtes Fest des Kirchenjahres bezieht, preist die Macht Gottes. Gemäß der damals herrschenden Doktrin vom Gottesgnadentum der Könige war es diese Macht allein, die dem König sein Herrscherrecht verlieh. Die Annahme liegt nahe, dass Cardoso diesen Text wählte, um die wiedergewonnene Unabhängigkeit Portugals zu feiern und seinem Herrscher, Freund und Gönner noch weiter zu huldigen.
aus dem Begleittext von Luís Toscano © 2019
Deutsch: Friedrich Sprondel
Também dedicado a D. João, então já soberano português, o
Livro de varios motetes, officio da semana santa e outras cousas, de 1648 terá sido o volume predilecto de Manuel Cardoso. Ele próprio o verbaliza na dedicatória ao monarca e amigo: “Confesso que a este livro, por ser filho da velhice, quero mais.” Concebido com base numa estrutura que acompanha o Ano Litúrgico e apresentando, sempre que possível, selecções literárias fora do usual, terá sido aqui que Cardoso deixou mais fortemente vincada a sua identidade composicional, privilegiando uma íntima relação entre palavra e música. Desde logo, a segunda obra do
Livro de varios motetes,
Tua est potentia a seis vozes, poder-se-á ainda associar ao contexto da recém-conquistada independência de Portugal, num paralelismo entre a reafirmação do poder Divino e do poder do Rei. Este é musicalmente marcado por uma estrutura geralmente densa, sublinhada pela incomum distribuição de vozes: SSATBB.
Luís Toscano © 2019